Tubarão cabeça-chata (Carcharhinus leucas). Foto: Andy Murch/Elasmodiver.com |
A construção do porto causou mudanças significativas no ambiente e nos ecossistemas. As comunidades planctônicas, base de toda cadeia trófica marinha, tiveram quedas quantitativas em termos de abundância e diversidade, causadas principalmente pelo aumento da matéria em suspensão. Com a diminuição do fito e zooplâncton, a quantidade de indivíduos que se alimentam de plâncton diminuiu e, consequentemente, os tubarões perderam seu alimento. Desta forma, as décadas de 80 e 90 representaram um período no qual os tubarões da região estavam à procura de alimento, mesmo que carne humana não esteja naturalmente em seu cardápio.
A maioria dos ataques ocorre quando o vento sopra forte de sul e sudeste. Nessas condições, as correntes do sul para o norte tomam força e influenciam na natação dos tubarões, que se aproximam das praias de Recife atraídos também pelos restos de alimentos e dejetos jogados no mar pelas embarcações no porto de Suape.
Porto de Suape. Foto: angularaerofoto.com.br |
Em 2012, 12 pessoas foram mortas por tubarões. No mesmo ano, humanos mataram 100 milhões de tubarões. 11417 tubarões por hora. Foto: PETA. |
Outras considerações sobre a área incluem a pesca de arrasto de camarão, a mais danosa ao meio marinho, que para cada quilo de camarão capturado, descarta 9 quilos de outros animais mortos nas águas de Boa Viagem. O histórico de acidentes com tubarões são, na maior parte com duas espécies: o cabeça-chata e o tubarão-tigre:
O cabeça-chata (Carcharhinus leucas) tem como características principais o nariz largo e achatado, olhos pequenos, barriga branca e corpo acinzentado. Pode atingir 3,5m de comprimento total e as fêmeas costumam ser maiores que os machos. É uma espécie adaptada à agua doce e já foi encontrado no rio Amazonas a 4km da costa. A destruição de mangues para a construção do porto fez com que as fêmeas que usavam o local em parte do ciclo reprodutivo migrassem para o estuário do rio Jaboatão, ao norte, o qual desemboca exatamente nas praias de Recife.
Os mais variados objetos já foram encontrados no estômago de indivíduos destas espécies, mas a parcela de culpa dos humanos é muito maior que o apetite do animal, afinal, utilizamos há séculos os oceanos como uma grande lata de lixo. Agora, pasmem! No ano de 2000, de acordo com o Plano de Monitoramento
Ambiental de Recursos Hídricos, o MATADOURO de Jaboatão descartou seus efluentes não tratados no rio, a um volume de 345 m³/dia, incluindo sangue, vísceras e água. Não consigo imaginar nada que atraia mais tubarões do que sangue! E aí, a culpa é de quem?
FONTES: ondaazul.com.br
mundoestranho.abril.com.br
vidaeestilo.terra.com.br
Por: Renata Porcaro
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