sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A minha melhor onda do mundo


Cada um tem a sua melhor onda do mundo. Qual é a sua?

"Essa é a melhor onda do Brasil! Quando quebra de gala parece até Pipe". Muitos dos amigos que tiveram vontade de começar a ler esse texto já devem ter ouvido essa frase ou algo parecido. E essa é uma das mágicas do surfe: achar que a sua onda preferida, normalmente onde você é local ou se aprendeu a surfar, é a melhor do mundo.

Temos inúmeros exemplos de lugares nos quais as ondas são exaltadas, comparadas, e até carinhosamente apelidadas, tendo referências que variam de árvores, pedras, encostas e por aí vai.

O pessoal do Arpoador fala que quando quebra a "Terceira Lage", (isso mesmo, começando com letras maiúsculas), só os que entendem do recado conseguem dominar aquela onda. Leia-se não ser rabeado, conseguir passar pelos que estão mais no inside e finalizar na beira.

Como diz Wady Mansur, o Jack Nicholson do surfe, "Pegar aquela esquerda é para quem é do ramo". Wady emenda com uma frase daquelas: "Outro dia peguei uma esquerda lá fora e sai em frente ao Arpoador Inn" - referindo-se ao hotel que é um dos patamares de distância percorrida entre os locais do Arpoador.

Carlos Matias mesmo, que é editor do Ricosurf.com, publicou em seu Facebook uma foto de uma bela esquerda no Arpex da qual fazia comparações com a Indonésia.

No Canto do Recreio, o ponto de referência são as amendoeiras: "Estava quebrando na segunda amendoeira..." Eu peguei uma direita lá na terceira amendoeira e fui até o Atlântico Sul (hotel que serve de patamar de distância).

No Canto, claro, as comparações ficam por conta de Jefreys Bay: "Ontem parecia J-Bay" solta um local ao meu lado. E pelo brilho nos olhos você percebe que o cara, realmente, acredita nisso e que lhe a comparação lhe faz bem.

Na Praia da Macumba, há um tipo de onda que a rapaziada do longboard adora, tem pra todos os gostos: inside, out side, bem out side - que aliás é aquela morranca . E ali também se ouve comparações até com a um pouco mais famosa Malibu. Mas nos dias grandes, claro, é o Sunset carioca, com aquele direitão que só quem é do ramo, plagiando Wady, consegue pegar e conectar com o inside.

Na Prainha o Canto Esquerdo é o filet mignon para os locais. Há uma bancada mais no out side que quando funciona “Parece até Teahupoo"... E os locais têm muitos ciúmes daquele cantinho que quando quebra de gala "Você vai parar em frente ao Pedrão"...

Quem se arrisca a falar para Marcelo Trekinho e Marcos Sifu, que a direita do Pontão do Leblon não é uma das melhores ondas do mundo? Sifu já sentenciou: “É a melhor onda de uma manobra do mundo”. Trekinho, mesmo viajando pelo mundo inteiro, sempre está ali protagonizando belos momentos para os fotógrafos.

Temos também a Pipe Leme, o Secret da Macumba, a cruz em Grumari, a melhor esquerda do Brasil em Guaratiba, as lajes da Reserva, o Alfa Barrels, o Quebrão e por aí vai.

Mas exageros à parte, para quem está ali fazendo a cabeça, as comparações são palpáveis. Talvez elas sirvam para amenizar a falta das surf trips, ou até mesmo para fazer ciúmes a quem não é dali.

Mas sabemos que chegar em um lugar com altas ondas é maravilhoso, mas pegar aquele mar clássico, na "sua" melhor onda do mundo, não tem preço - nem tendo cartão de crédito com teto ilimitado!

Essa é a essência do surfe: para o mar, todos são iguais. Para nós, cada onda é única.